A Itália deu um passo importante que pode impactar diretamente milhares de brasileiros descendentes de italianos. Um decreto aprovado pelo Senado italiano, no dia 15 de maio de 2025, promete mudar as regras de acesso à cidadania italiana, tornando o processo mais restrito. A decisão ainda precisa ser confirmada pela Câmara dos Deputados até o fim de maio, mas tudo indica que será aprovada com facilidade, já que o governo conta com maioria parlamentar.
Se antes qualquer pessoa com um ancestral italiano vivo após 1861 poderia solicitar a cidadania, agora a regra será bem mais rígida. A proposta restringe o direito à nacionalidade apenas a filhos e netos de italianos nascidos na Itália. Isso significa que boa parte dos cerca de 30 milhões de brasileiros que até então eram elegíveis pode perder o direito de fazer o pedido, mesmo que consiga comprovar a origem familiar.
Essa mudança representa uma grande virada, especialmente para quem já estava reunindo documentos e planejando dar entrada no processo. Muitos consulados já haviam suspenso os agendamentos desde o fim de março, quando o decreto foi inicialmente publicado. Especialistas explicam que o caminho agora será, em muitos casos, pela via judicial — que além de mais longa, também pode ser mais cara e burocrática.
O ministro do Exterior da Itália, Antonio Tajani, comemorou a aprovação, afirmando que o novo critério resgata o verdadeiro significado da cidadania italiana. Segundo ele, a nacionalidade não deve se basear apenas em vínculos de papel, mas em laços reais com a cultura, os valores e a identidade do país. Tajani também mencionou que o número de italianos que vivem fora do país cresceu muito nos últimos anos, principalmente na América do Sul.
Para se ter uma ideia, nos últimos vinte anos, o número de descendentes reconhecidos com cidadania italiana nessa região saltou de 800 mil para mais de dois milhões. Isso acendeu o alerta do governo italiano, que passou a discutir formas de conter esse avanço. Mesmo com algumas emendas sendo analisadas e alterações de última hora, o espírito do decreto é claro: a Itália quer limitar o acesso à cidadania por direito de sangue, focando em vínculos mais diretos com o país.
Antes dessas mudanças, a lei italiana era considerada uma das mais generosas da Europa, permitindo que pessoas com ancestrais distantes obtivessem a cidadania, desde que comprovassem a ligação. Essa flexibilidade atraiu milhares de brasileiros, que viam na cidadania italiana uma oportunidade de viver, estudar ou trabalhar na União Europeia com mais facilidade.
Agora, quem ainda pretende buscar a cidadania terá que ficar atento aos novos critérios e estudar bem as possibilidades. Aqueles que já deram início ao processo devem procurar orientação jurídica, principalmente se a única alternativa for recorrer à justiça italiana.
Esse novo cenário exige preparo, paciência e planejamento. O momento é de alerta para quem ainda sonha com a dupla cidadania e pretende aproveitar os benefícios de ser reconhecido como cidadão europeu. A regra mudou e, com ela, o caminho ficou mais estreito.