O mercado de trabalho global está passando por uma revolução, impulsionada pela automação e pela inteligência artificial (IA), que já têm causado mudanças significativas desde 2020. Em Portugal, essas transformações estão gerando tanto desafios quanto novas oportunidades. De acordo com um estudo recente da Fundação Francisco Manuel dos Santos, milhares de empregos no país estão sob ameaça, com cerca de 30% dos trabalhadores portugueses enfrentando um futuro incerto.
Profissões em Risco em Portugal
O estudo intitulado “Automação e Inteligência Artificial no Mercado de Trabalho Português: Desafios e Oportunidades” alerta para a precariedade de muitos empregos no país. De acordo com a pesquisa, uma grande parte da força de trabalho portuguesa está em profissões que correm o risco de desaparecer devido à automação, com poucas chances de adaptação às novas tecnologias, como a IA.
A pesquisa é a primeira a analisar, de forma abrangente, os efeitos da digitalização e da automação sobre o mercado de trabalho português, identificando tanto as profissões mais vulneráveis quanto as mais resilientes. O estudo também aponta as regiões do país que estão mais expostas a essas mudanças tecnológicas e as competências que se tornarão cada vez mais valorizadas.
Setores Vulneráveis à Automação
A pesquisa revelou que 35,7% dos empregos em Portugal pertencem a áreas que não podem ser substituídas pela automação, mas que também não se beneficiarão da digitalização. Profissões como as de trabalhadores de limpeza, técnicos de atividades físicas e agricultores qualificados não enfrentam risco imediato de extinção. No entanto, cerca de 28,9% da força de trabalho está em funções que correm grande risco de desaparecer, como atendentes de mesa, operadores de equipamentos móveis e cozinheiros.
Essas profissões, denominadas “profissões em colapso”, estão fortemente ameaçadas pela automação, que pode reduzir significativamente suas oportunidades no futuro.
Profissões em Ascensão
Por outro lado, o estudo aponta que algumas áreas estão se beneficiando diretamente da digitalização e da IA. Profissões como professores de ensino básico, educadores de infância, especialistas em vendas, marketing, finanças e contabilidade são consideradas “profissões em ascensão”. Elas representam 22,5% do mercado de trabalho e têm grande potencial de crescimento, aproveitando os avanços da automação sem sofrer os impactos negativos da digitalização.
Além disso, há um grupo de 12,9% de trabalhadores em áreas mais ambíguas, como operadores de máquinas e empregados de escritório, que podem tanto ser beneficiados quanto prejudicados pelas mudanças tecnológicas.
Impactos Regionais: Desafios e Oportunidades
O estudo também analisou como as diferentes regiões de Portugal são afetadas por essas mudanças. Distritos como Lisboa, Porto, Coimbra e Vila Real têm maior potencial para se beneficiar da digitalização, pois abrigam um número considerável de trabalhadores em profissões em ascensão.
Em contrapartida, distritos como Viana do Castelo, Braga, Aveiro e Viseu têm mais de 40% dos empregos expostos a riscos causados pela automação e pela IA. Isso evidencia a necessidade urgente de políticas públicas regionais que possam ajudar a mitigar esses impactos, através de programas de requalificação profissional e desenvolvimento de novas competências.
A Necessidade de Requalificação Profissional
Os especialistas ressaltam que, para preparar os trabalhadores para as exigências de uma economia digitalizada, será fundamental revisar currículos acadêmicos e aumentar a ênfase em habilidades digitais, como o uso de IA e tecnologias de automação. A requalificação será crucial para garantir a empregabilidade a longo prazo, mesmo para aqueles em profissões que não estão diretamente ameaçadas pela automação.
Além disso, competências como criatividade, comunicação e resolução de problemas terão um papel cada vez mais importante para o futuro do mercado de trabalho em Portugal.