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A busca por uma segunda cidadania tem se tornado cada vez mais comum entre brasileiros descendentes de imigrantes. Entre as opções disponíveis, a cidadania por descendência, também conhecida como jus sanguinis, é uma das formas mais acessíveis de adquirir a nacionalidade de outro país sem precisar passar por processos longos de naturalização. Mas uma dúvida frequente é: quais países reconhecem a cidadania de netos?
A resposta varia de acordo com a legislação de cada país, já que nem todos aceitam o direito à cidadania se a descendência for distante. No entanto, vários países — principalmente na Europa — oferecem a possibilidade de netos de cidadãos nacionais solicitarem o reconhecimento da cidadania, desde que apresentem a documentação correta e cumpram requisitos específicos.
Entre os casos mais populares estão Itália, Portugal e Espanha, que reconhecem o direito à cidadania até a terceira geração (ou seja, netos) em determinadas condições. Outros países menos conhecidos por isso, como Polônia, Irlanda e Alemanha, também têm regras específicas para descendentes, embora muitas vezes exijam comprovações adicionais, como vínculo cultural, residência no país ou até renúncia de outra nacionalidade. Já na América Latina, a concessão da cidadania a netos é mais rara, mas existem exceções.
O interesse pela cidadania para netos não se limita ao aspecto identitário ou familiar. Ter uma segunda cidadania permite acesso facilitado à educação, saúde, trabalho e até à livre circulação em blocos como a União Europeia. Isso transforma o reconhecimento da nacionalidade estrangeira em uma ferramenta estratégica para quem deseja morar, estudar ou empreender fora do Brasil.
Neste artigo, você vai entender quais países reconhecem cidadania de netos, quais são os requisitos principais, como funciona o processo em diferentes lugares, e os desafios mais comuns enfrentados por quem deseja exercer esse direito. Também vamos mostrar por onde começar e como reunir os documentos certos para aumentar suas chances de sucesso no pedido de reconhecimento.
O que é cidadania por descendência e como ela se aplica aos netos
A cidadania por descendência, também chamada de jus sanguinis, é um conceito jurídico que reconhece o direito de uma pessoa à nacionalidade de um país com base na sua linhagem familiar. Em outras palavras, se você é filho, neto ou, em alguns casos, bisneto de um cidadão de outro país, pode ter direito a solicitar o reconhecimento da cidadania estrangeira, desde que cumpra os requisitos legais. Esse princípio é o oposto do jus soli, que concede a cidadania com base no local de nascimento.
A possibilidade de solicitar cidadania por sangue tem atraído milhares de brasileiros descendentes de imigrantes, principalmente europeus. O motivo é simples: além de ser uma forma legítima de resgatar a origem familiar, essa cidadania abre portas para oportunidades acadêmicas, profissionais e de mobilidade internacional.
Conceito de jus sanguinis e cidadania hereditária
O jus sanguinis (direito de sangue) é amplamente adotado por diversos países, especialmente na Europa. A lógica é que a nacionalidade pode ser transmitida de geração em geração, sem a necessidade de o descendente ter nascido no território do país de origem. Assim, um neto de italianos, por exemplo, pode ser considerado italiano de origem, mesmo que tenha nascido no Brasil e nunca tenha visitado a Itália.
É importante notar que o fato de o país adotar o jus sanguinis não significa que o processo será automático. Quase sempre é necessário provar documentalmente a linha de descendência, com certidões de nascimento, casamento e óbito que conectem todas as gerações até o antepassado imigrante.
Diferença entre cidadania para filhos e para netos
A diferença entre a cidadania para filhos e para netos está, principalmente, na complexidade do processo e nos requisitos adicionais. Filhos geralmente têm o direito reconhecido de forma mais direta, já que a ligação com o país de origem é mais próxima. Já os netos podem enfrentar regras mais rígidas, como:
- Limitações por geração (alguns países não reconhecem bisnetos)
- Obrigatoriedade de comprovar vínculo cultural ou afetivo com o país
- Restrições com base na forma como a nacionalidade foi transmitida (ex: se apenas por via materna antes de determinada data)
📌 Exemplo: na cidadania italiana, netos podem ter direito, mas se a cidadania vier por via materna antes de 1948, o processo pode exigir ação judicial. Já em Portugal, netos de portugueses natos podem solicitar a nacionalidade com menos entraves.
Países europeus que reconhecem cidadania para netos de imigrantes
A Europa é o continente com maior número de países que reconhecem a cidadania por descendência, e muitos deles estendem esse direito até os netos de cidadãos nacionais. Esse reconhecimento é uma forma de preservar os laços culturais, históricos e identitários de seus descendentes espalhados pelo mundo. Entre os países que mais atraem brasileiros interessados nesse direito estão Itália, Polônia, Irlanda, Alemanha, Espanha e Portugal, sendo que alguns deles permitem o reconhecimento da cidadania até a terceira geração ou mais.
Itália e o reconhecimento amplo por linhagem direta
A Itália é o caso mais emblemático de cidadania por jus sanguinis. A lei italiana não impõe limite de gerações, desde que seja possível comprovar documentalmente a linha direta de descendência até o ascendente italiano que não tenha renunciado à cidadania antes de ter filhos. Por isso, netos (e até bisnetos) de italianos podem, sim, ter o direito à cidadania reconhecido.
Uma vantagem importante é que não há exigência de idioma, residência ou prova de vínculo cultural com o país. No entanto, há alguns obstáculos legais, como no caso de descendência por linha materna anterior a 1948, que exige processo judicial na Itália.
Particularidades do processo italiano para netos
O processo para netos pode ser feito diretamente no consulado italiano no Brasil ou através de ação na Itália. A fila consular é conhecida por sua lentidão, podendo ultrapassar 10 anos em algumas regiões, enquanto o processo na Itália, com assessoramento jurídico, costuma levar de 6 meses a 1 ano.
📊 Tabela comparativa: países europeus e cidadania para netos
País | Cidadania para netos | Exige residência | Requisitos adicionais |
---|---|---|---|
Itália | ✅ Sim | ❌ Não | Documentação de toda a linhagem, processo pode ser judicial se for via materna antes de 1948 |
Polônia | ✅ Sim (com restrições) | ❌ Não | Descendência por linha masculina até 1951 mais simples |
Alemanha | ✅ Sim (casos específicos) | ✅ Sim | Pode exigir vínculo cultural ou residência no país |
Irlanda | ✅ Sim até netos | ❌ Não | Registro obrigatório no “Foreign Births Register” |
França | ❌ Geralmente não | – | Reconhecimento geralmente até filhos |
Como se vê, a Itália é o país mais flexível no reconhecimento para netos, seguido de perto por Irlanda e Polônia. Já França e Alemanha possuem critérios mais restritivos e, muitas vezes, subjetivos.
📌 Dica: mesmo nos países que permitem cidadania para netos, é essencial verificar se há limites por via materna, exigência de registros estrangeiros, ou mudanças legislativas recentes.
Portugal, Espanha e suas regras para netos de cidadãos
Além da Itália, dois países ibéricos também têm ganhado destaque entre os brasileiros descendentes de europeus: Portugal e Espanha. Ambos reconhecem a cidadania para netos de seus nacionais, mas com regras diferentes e com mudanças legislativas recentes que merecem atenção.
Cidadania portuguesa para netos de portugueses natos
Portugal oferece uma das legislações mais claras e acessíveis para netos de portugueses natos. A nacionalidade pode ser solicitada mesmo que os pais do requerente não tenham feito a transmissão, ou seja, não é necessário que o pai ou mãe também seja cidadão português.
Desde 2020, a lei portuguesa ficou ainda mais flexível. Agora, para netos, não é mais necessário comprovar vínculo efetivo com a comunidade portuguesa — a menos que o requerente tenha nascido antes de 1981. O processo é administrativo, feito diretamente em cartório ou consulado, e o prazo médio costuma ser de 1 a 2 anos, a depender do volume de pedidos.
Principais exigências:
- O avô ou avó deve ser português nato
- É necessário apresentar a documentação completa da linha de descendência
- Certidão negativa de antecedentes criminais no Brasil e em Portugal
O caso espanhol e as reformas recentes na lei de memória democrática
A Espanha, por sua vez, teve um marco importante em 2022 com a aprovação da chamada Lei de Memória Democrática. Ela permite que netos de espanhóis que foram exilados, perseguidos ou afetados pela ditadura franquista possam solicitar a cidadania espanhola de forma facilitada, mesmo que os pais não tenham solicitado anteriormente.
No entanto, o prazo para isso é temporário, com previsão de encerramento em outubro de 2024, salvo prorrogação. Fora desse contexto, a Espanha costuma ser mais restritiva, exigindo que o pai ou mãe já tenha sido cidadão espanhol para o neto poder herdar a nacionalidade.
📊 Tabela comparativa: Portugal vs. Espanha para netos
Critério | 🇵🇹 Portugal | 🇪🇸 Espanha |
---|---|---|
Cidadania para netos | ✅ Sim | ✅ Sim (Lei de Memória) |
Pais precisam ser cidadãos? | ❌ Não | ✅ Sim, em geral |
Requer vínculo cultural? | ❌ Não (exceto nascidos antes de 1981) | ✅ Sim, ou enquadramento na Lei de Memória |
Processo | Administrativo, direto em cartório | Administrativo, temporário |
Prazo médio | 12 a 24 meses | Até outubro de 2024 (prazo limitado) |
📌 Atenção: quem tem origem espanhola deve aproveitar a oportunidade enquanto a Lei de Memória está em vigor, pois fora desse período o caminho legal pode ser mais complexo ou até indisponível para netos.
Outros países que reconhecem netos de cidadãos como elegíveis
Além dos países mais populares como Itália, Portugal e Espanha, existem outros países europeus que também permitem o reconhecimento da cidadania para netos, ainda que com regras mais específicas e menos conhecidas. Esses países podem representar excelentes oportunidades para descendentes de imigrantes que possuem a documentação correta e desejam obter um passaporte europeu.
Polônia, Alemanha e Irlanda entre os exemplos menos conhecidos
A Polônia reconhece a cidadania para descendentes de poloneses, inclusive netos, mas com forte ênfase na linha paterna até o ano de 1951, devido à legislação anterior à nacionalização comunista do país. Para ter direito, é necessário provar que o ascendente polonês não naturalizou-se em outro país antes do nascimento dos filhos.
A Alemanha adota um modelo híbrido entre jus soli e jus sanguinis, mas reconhece descendência até netos, especialmente em casos relacionados a perseguições nazistas ou situações de privação de nacionalidade no passado. No entanto, pode exigir residência no país ou vínculo cultural ativo.
A Irlanda, por sua vez, possui um sistema bastante claro e objetivo: qualquer neto de irlandês tem direito à cidadania, desde que o pai ou mãe tenha registrado o nascimento no “Foreign Births Register” antes do nascimento do neto. Esse registro é indispensável, mesmo que os pais não tenham a cidadania formalizada.
Diferenças nos critérios documentais e geracionais
Cada país define os seus próprios critérios quanto à validade dos documentos, limite de gerações e forma de transmissão da cidadania. Em alguns casos, como na Irlanda, o processo é objetivo, mas exige cumprimento de formalidades. Já em países como a Alemanha, as condições históricas da família podem influenciar diretamente no direito à nacionalidade.
📊 Tabela comparativa: Polônia, Alemanha e Irlanda
País | Reconhece netos? | Requisitos principais | Limite de geração |
---|---|---|---|
Polônia | ✅ Sim | Linha paterna até 1951, sem naturalização estrangeira | Até netos (com análise histórica) |
Alemanha | ✅ Sim | Casos de perda forçada de cidadania, pode exigir residência | Até netos (restrito) |
Irlanda | ✅ Sim | Registro prévio do nascimento dos pais no Foreign Births Register | Até netos (registro obrigatório) |
📌 Dica: países como Irlanda e Alemanha exigem mais atenção com os detalhes do processo. A ausência de um único documento ou o não registro prévio pode inviabilizar o pedido de cidadania para netos.
Desafios comuns na obtenção da cidadania para netos
Embora muitos países reconheçam o direito à cidadania para netos de seus cidadãos, o processo pode se tornar complexo e demorado. Isso ocorre porque, ao contrário dos filhos diretos, os netos geralmente enfrentam mais exigências documentais, regras mais restritas e até interpretações subjetivas da legislação vigente. Além disso, as leis podem mudar com o tempo, o que torna ainda mais necessário o acompanhamento próximo de cada etapa.
Ausência de documentos e limitações por geração
Um dos principais desafios enfrentados por netos de imigrantes é a falta de documentação adequada. Muitos registros de nascimento, casamento ou óbito dos avós foram feitos há décadas, em cartórios que já não existem ou que não digitalizaram seus arquivos. Em alguns casos, os documentos estão em idiomas estrangeiros antigos ou em grafias diferentes da atual, o que dificulta a aceitação pelas autoridades.
Outro obstáculo comum é o limite de gerações permitido. Embora países como a Itália aceitem a cidadania por descendência sem limite de gerações, outros como a Irlanda ou a Alemanha reconhecem apenas até netos, e mesmo assim com condições específicas. Em certos casos, a nacionalidade só pode ser transmitida se o pai ou mãe já tiverem registrado o vínculo com o país antes do nascimento do requerente.
Além disso, algumas legislações impõem restrições por linha materna. Por exemplo, a Itália não reconhece transmissão por via materna antes de 1948, a não ser por meio de ação judicial.
Quando o processo exige residência ou renúncia de outra cidadania
Outro desafio que pode surpreender o requerente é a exigência de residência no país. Isso ocorre principalmente em países que desejam manter o vínculo real com seus cidadãos, como a Alemanha, que pode exigir que o neto resida por um tempo mínimo em território alemão ou demonstre laços culturais relevantes.
Além disso, alguns países não permitem dupla cidadania automaticamente. Embora a maioria das nações europeias aceite essa condição, há exceções em que o requerente precisará renunciar à nacionalidade brasileira, especialmente em contextos de naturalização posterior, e não de reconhecimento por sangue.
📌 Comparativo rápido dos desafios mais comuns para netos
Desafio | Exemplos de países afetados | Observações |
---|---|---|
Documentação incompleta ou perdida | Todos | Exige busca em cartórios antigos e possíveis traduções juramentadas |
Limite por geração | Alemanha, Irlanda | Geralmente até netos, bisnetos já não têm direito automático |
Linha materna com restrições | Itália (antes de 1948) | Requer ação judicial em alguns casos |
Exigência de residência | Alemanha, Suíça | Pode exigir moradia mínima no país antes da concessão |
Renúncia de cidadania | Japão, Noruega (em alguns contextos) | Exceções à regra da dupla cidadania europeia |
🔍 Importante: antes de iniciar o processo, consulte a legislação atualizada do país desejado, pois mudanças recentes podem ampliar ou restringir o direito de netos à cidadania.
Como iniciar o processo de reconhecimento de cidadania como neto
Depois de entender quais países reconhecem a cidadania para netos e quais os desafios mais comuns, o passo seguinte é saber como começar o processo. Embora cada país tenha seus próprios trâmites, há um caminho comum que envolve reunir documentação, provar a descendência e apresentar o pedido ao órgão competente. A preparação e organização são fundamentais para evitar atrasos e indeferimentos.
Reunir documentação, provar laços e entrar com o pedido
O primeiro passo é identificar se há realmente um ascendente direto com cidadania reconhecida pelo país. Isso exige levantar documentos da linha familiar, começando pelo avô ou avó estrangeiro e vindo até o requerente, com todas as certidões de nascimento, casamento e óbito. Esses documentos devem estar completos, legíveis, traduzidos (quando necessário) e, em muitos casos, apostilados.
Lista básica de documentos exigidos na maioria dos países:
- Certidão de nascimento do avô/avó estrangeiro
- Certidão de nascimento e casamento do pai ou mãe descendente
- Certidão de nascimento do requerente
- Documento de identidade (passaporte ou RG)
- Comprovante de endereço
- Certidão de antecedentes criminais (Brasil e país de destino)
- Formulários oficiais preenchidos (varia conforme o país)
Após reunir os documentos, o pedido pode ser feito por duas vias principais:
- Via consular: para países que aceitam o processo no exterior (como Itália, Portugal e Espanha)
- Via direta no país: para processos mais ágeis com apoio jurídico (caso da Itália, por exemplo)
Canais oficiais e dicas para não errar no processo
A solicitação deve ser feita nos órgãos oficiais de cidadania, como consulados, cartórios centrais, ministérios do interior ou departamentos de imigração. Cada país tem seu site com instruções atualizadas. Alguns exemplos úteis:
- 🇮🇹 Itália: esteri.it
- 🇵🇹 Portugal: justica.gov.pt
- 🇪🇸 Espanha: exteriores.gob.es
- 🇮🇪 Irlanda: dfa.ie
📌 Dica: Sempre consulte a legislação atualizada e, se possível, conte com um profissional especializado para revisar documentos, traduzir e protocolar o processo. Isso reduz erros e acelera o reconhecimento.
📋 Checklist inicial resumido para netos solicitando cidadania
Etapa | Status esperado |
---|---|
Identificar país de origem | ✅ Definido com base na nacionalidade do avô/avó |
Confirmar direito por neto | ✅ Verificado segundo as leis do país |
Reunir documentos | ✅ Linha direta completa com certidões |
Traduzir e apostilar | ✅ Documentos prontos para envio oficial |
Iniciar processo | ✅ Consulado ou via direta no país |
Cidadania por sangue até os netos: direito de origem que pode mudar vidas
A cidadania por descendência representa uma das formas mais legítimas e emocionalmente conectadas de se reconectar com as origens familiares. Para muitos brasileiros, a possibilidade de obter a cidadania como neto de estrangeiros é mais do que um trâmite burocrático: é uma oportunidade de recuperar um elo com o passado, abrir portas para o futuro e conquistar mobilidade internacional.
Vários países europeus reconhecem esse direito até a terceira geração, e alguns deles vão até além, como é o caso da Itália, que permite a transmissão indefinida desde que a linhagem seja comprovada. Já países como Portugal, Irlanda e Polônia aceitam o pedido de netos, mas com condições específicas, como registros prévios ou limitações por linha paterna ou materna. O importante é compreender que, mesmo sendo possível, cada país tem suas regras, prazos e burocracias, e por isso, um processo bem planejado pode evitar frustrações.
Aqueles que têm um avô ou avó nascido fora do Brasil devem começar por uma análise genealógica básica para mapear a linha de descendência e identificar a viabilidade legal do processo. Depois disso, a atenção deve se voltar à documentação, que precisa estar completa, fiel aos registros originais e devidamente legalizada (com traduções juramentadas e apostilas, quando exigido). Dependendo do país, o processo pode ser feito diretamente no consulado ou exige deslocamento físico e até ação judicial — o que é comum no caso da Itália, por exemplo, quando há transmissão por via materna anterior a 1948.
Além do reconhecimento cultural e histórico, a cidadania estrangeira oferece benefícios muito práticos: livre circulação na União Europeia, acesso a estudo e trabalho sem visto, planos de saúde públicos, oportunidade de negócios internacionais e até a chance de transmitir a cidadania a filhos e netos futuros. Ou seja, é um direito que atravessa gerações e pode transformar completamente o destino de uma família.
Se você é neto de estrangeiros e ainda não considerou a possibilidade de solicitar a cidadania, talvez seja a hora de investigar. O direito pode estar literalmente na sua árvore genealógica, aguardando apenas ser comprovado com documentos e um pouco de organização.
Perguntas frequentes sobre cidadania para netos de estrangeiros
1. Netos têm direito à cidadania estrangeira?
Sim, vários países reconhecem o direito à cidadania para netos de seus cidadãos, especialmente na Europa. No entanto, os requisitos e limitações variam de país para país.
2. Quais países reconhecem cidadania para netos?
Itália, Portugal, Espanha (temporariamente), Irlanda, Alemanha e Polônia estão entre os principais países europeus que reconhecem esse direito, cada um com regras específicas.
3. Preciso que meu pai ou mãe tenha a cidadania para eu, como neto, solicitar?
Depende do país. Portugal, por exemplo, não exige que os pais tenham a cidadania para que o neto possa solicitar. Já na Irlanda, é obrigatório que o pai ou mãe tenham sido registrados no Foreign Births Register antes do nascimento do requerente.
4. A cidadania italiana pode ser passada para netos?
Sim, a Itália é um dos países com legislação mais favorável. Não há limite de gerações, desde que a descendência seja direta e documentada. Porém, há restrições por via materna antes de 1948.
5. Netos podem obter cidadania espanhola?
Atualmente sim, por meio da Lei de Memória Democrática, em vigor até outubro de 2024. Após esse período, a possibilidade pode ser encerrada ou alterada.
6. É obrigatório falar o idioma do país para conseguir a cidadania?
Depende da legislação. Itália e Irlanda não exigem fluência. Já Alemanha e Portugal podem solicitar comprovação de idioma, dependendo do tipo de pedido.
7. Preciso morar no país para ter direito à cidadania?
Na maioria dos casos, não. Mas em países como Alemanha e Suíça, a residência pode ser exigida como critério adicional.
8. Posso ter dupla cidadania como neto de estrangeiro?
Sim, a maioria dos países europeus permite a dupla cidadania. No entanto, alguns países como Japão e Noruega podem impor restrições.
9. Quanto tempo leva o processo de cidadania para netos?
Varia conforme o país e o tipo de processo. Em média, de 12 a 36 meses. No caso da Itália via judicial, pode levar de 6 meses a 1 ano.
10. Quais documentos são necessários para solicitar a cidadania como neto?
Certidões de nascimento e casamento de todos os ascendentes até o cidadão original, identidade do requerente, comprovantes de residência e, em alguns casos, antecedentes criminais.
11. A cidadania por netos é automática?
Não. Mesmo nos países que reconhecem o direito, é preciso iniciar um processo formal, reunir documentos e passar por validação das autoridades.
12. O processo pode ser feito do Brasil?
Sim. Em muitos casos, o processo pode ser feito diretamente nos consulados no Brasil. No entanto, alguns países exigem etapas presenciais ou são mais rápidos quando feitos diretamente no país de origem.
Extras práticos: mapa de facilidade, linha do tempo e teste rápido para netos de estrangeiros
🌍 Mapa de facilidade para netos solicitarem cidadania
Confira uma comparação entre os países mais procurados por descendentes e o nível de facilidade do processo de reconhecimento de cidadania para netos, com base em critérios como exigência de residência, idioma e possibilidade de fazer tudo do Brasil:
País | Facilidade geral | Exige residência | Exige idioma | Processo via Brasil | Observações relevantes |
---|---|---|---|---|---|
🇮🇹 Itália | ⭐⭐⭐⭐⭐ | ❌ | ❌ | ✅ | Processo mais flexível, mas pode ter longa fila consular |
🇵🇹 Portugal | ⭐⭐⭐⭐ | ❌ | 🟡 (alguns casos) | ✅ | Um dos processos mais objetivos para netos |
🇪🇸 Espanha | ⭐⭐⭐ | ❌ | ❌ | ✅ | Lei de Memória é temporária (até out/2024) |
🇮🇪 Irlanda | ⭐⭐⭐⭐ | ❌ | ❌ | ✅ (com registro prévio) | Registro dos pais no Foreign Births Register é obrigatório |
🇩🇪 Alemanha | ⭐⭐ | ✅ | ✅ | 🟡 | Pode exigir vínculo cultural e residência no país |
🇵🇱 Polônia | ⭐⭐⭐ | ❌ | ❌ | 🟡 | Documentação precisa estar muito bem alinhada |
🟡 = pode depender do caso
⏳ Linha do tempo do processo: do neto ao cidadão
1️⃣ Verifique o país de origem do avô ou avó
2️⃣ Pesquise se o país aceita cidadania para netos (sem exigência intermediária dos pais)
3️⃣ Reúna a linha completa de certidões: nascimento, casamento, óbito
4️⃣ Verifique necessidade de tradução juramentada e apostilamento
5️⃣ Analise se pode fazer o processo via consulado ou direto no país (com ou sem advogado)
6️⃣ Submeta o pedido e acompanhe o andamento do processo
7️⃣ Com a cidadania reconhecida, solicite o passaporte e registre os filhos (se tiver)
📌 Dica: alguns países exigem que o vínculo com o país seja mantido — mesmo que apenas documentalmente — então é bom manter seus dados atualizados com o consulado.
🧪 Teste rápido: você tem chances de conseguir cidadania como neto?
Responda SIM ou NÃO para cada item:
- Você tem um avô ou avó que nasceu fora do Brasil?
- Você conhece o país de origem da sua família e sabe se ele permite cidadania por neto?
- Você tem ou pode conseguir as certidões de nascimento, casamento e óbito dos ascendentes?
- Seus pais não precisam ter feito o processo, mas você sabe se a linhagem é direta?
- Está disposto(a) a traduzir, apostilar e organizar esses documentos?
- Você gostaria de ter um passaporte europeu para estudar, morar ou empreender fora?
- Está disposto(a) a aguardar meses (ou anos) para obter esse direito?
📌 Se respondeu “sim” para a maioria das perguntas, você tem grandes chances de conseguir sua cidadania como neto. O próximo passo é começar a reunir os documentos e estudar o processo do país desejado.