A possibilidade de obter cidadania francesa para tataranetos tem despertado o interesse de muitos brasileiros que descobriram raízes familiares na França por meio de árvores genealógicas, sobrenomes antigos ou relatos históricos. No entanto, ao contrário de outros países europeus que adotam o jus sanguinis de forma ampla, como Itália ou Polônia, a França não reconhece o direito à nacionalidade com base apenas na ascendência distante.
Pelas regras francesas, a nacionalidade é transmitida por filiação direta e legalmente reconhecida, o que significa que só têm direito automático os filhos de cidadãos franceses. Para netos ou bisnetos, já é necessário comprovar que a cidadania foi mantida ativamente ao longo das gerações, com registros consulares, documentos franceses válidos e vínculos jurídicos ininterruptos com o Estado francês.
Quando se trata de tataranetos, essa continuidade raramente existe. Se em algum ponto da linha familiar o vínculo com a França não foi formalizado ou se perdeu, o direito à nacionalidade também desaparece. Ter apenas um sobrenome francês ou uma origem conhecida não tem valor legal para fins de cidadania.
Além disso, a França não possui leis de reconhecimento genealógico amplo como outros países. Isso significa que a nacionalidade francesa não pode ser recuperada apenas com base em documentos históricos ou em laços culturais. O foco do governo francês está na existência de vínculo real, recente e juridicamente válido com a nação.
Para os brasileiros descendentes de franceses distantes, a única possibilidade viável de obtenção da cidadania passa a ser por naturalização, após residência legal e prolongada no país, ou por casamento com cidadão francês, respeitando todos os requisitos formais.
A França permite a dupla cidadania, o que torna o processo mais atrativo nos casos em que há viabilidade legal, mas, para tataranetos, a chance de reconhecimento por via hereditária é praticamente nula.
Em resumo, a cidadania francesa para tataranetos não é reconhecida pela lei e só seria possível em cenários extremamente raros, onde toda a linha de transmissão foi preservada formalmente — o que, na prática, é quase inexistente.